As Plataformas Digitais e o Impacto na Saúde do(a) Trabalhador(a)

Poucas horas de sono, pressão alta e acidentes de trabalho marcam a rotina de entregadores por plataformas digitais.

O Dossiê das violações dos direitos humanos no trabalho uberizado: o caso dos motofretistas na cidade de Campinas foi uma pesquisa realizada pela Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp, como desdobramento de uma Ação de Saúde, feita pela Força Tarefa da Universidade contra a Covid–19, em janeiro de 2021.

O estudo identificou condições de trabalho e de saúde precárias entre os(as) entregadores(as) de Campinas e arredores, o que resultou na organização, em 2023, de uma pesquisa sobre o tema envolvendo 200 entregadores da região.

Os resultados apontam para uma deterioração da saúde dos(as) entregadores(as), associada às condições de trabalho nas plataformas digitais de entregas. O dossiê indica:

  • altíssimos índices de acidentes de trabalho no trânsito;
  •  elevados índices de pressão alta entre os(as) trabalhadores(as);
  •  poucas horas de sono e ausência de dias de descanso; e
  •  desidratação, associada à ausência de infraestrutura básica no trabalho etc.

Entre os 198 trabalhadores(as) avaliados(as), 44% apresentaram alterações na pressão arterial (igual ou superior a 140 e/ou 90 mm Hg). O esperado entre a população adulta brasileira, segundo as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, é 22,8%. Das 20 mulheres que participaram da pesquisa, 35% apresentaram uma pressão arterial alterada e, entre os 178 homens, 44,9%.

Sobre o sono dos(as) trabalhadores(as), a pesquisa afirma que 23,1% dormiam no máximo cinco horas por dia, 41,2% até seis horas e 69,3% no máximo sete horas.

Já os dados sobre acidentes são alarmantes: 65,7% disseram que já sofreram acidente com a motocicleta durante o trabalho e 42% tiveram de se afastar do trabalho por essa razão. Neste último grupo, 45% ficaram mais de três meses afastados e 24% mais de seis meses.